terça-feira, 28 de setembro de 2010

"A Loba de Ray-Ban" chega à Caraguatatuba

Os uivos da Alcateia de Ray-Ban, dessa vez, será no Litoral Norte Paulista


Christiane Torloni em “A Loba de Ray-Ban” de Renato Borghi e Direção José Possi Neto, com Leonardo Franco e Maria Maya.

Um espetáculo é interrompido pela atriz principal repentinamente, que decide assumir sua crise existencial diante do público. Ela participa de um triângulo amoroso com dois atores de sua companhia teatral, o ex-marido e sua atual amante. Em A Loba de Ray-Ban, Christiane Torloni, Leonardo Franco e Maria Maya são os três atores que discutem sobre moral e sobre os relacionamentos amorosos.
Nessa nova versão, dirigida por José Possi Neto, passados 22 anos, os papéis se invertem. Christiane Torloni passa a fazer o papel que era de Raul Cortez. Leonardo Franco o que era de Christiane e o papel do jovem ator, antes representado por Leonardo, agora será feito pela jovem atriz Maria Maya. O triângulo garante voyerismo, bissexualidade e expõe o cotidiano nos camarins e coxias de um teatro.


SERVIÇO

  • Ingressos:
    Inteira 60 reais / Meia-entrada: 30 reais
  • Datas e horários:
    09 de outubro - sábado: 21h
    10 de outubro - domingo: 20h
  • Duração:
    100 minutos
  • Classificação:
    14 anos


TEATRO MARIO COVAS
Espaço Educacional e Cultural Governador 'Mario Covas'
Av. Goiás, 187 - Indaiá - Caraguatatuba/SP
Telefones: (12)3883-2142/(12)3881-2623





Fonte: FUNDACC

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Uivos em Portugal

Christiane Torloni tem planos de levar "A Loba de Ray-Ban" para Portugal em 2011



Christiane Torloni quer levar a peça “A Loba de Ray-Ban” a Portugal quando a novela Ti-Ti-Ti, na qual faz parte do elenco, chegar ao fim. A atriz pretende se apresentar em Lisboa, Porto e Coimbra no primeiro semestre de 2011.

Fonte: Site Patrícia Kogut

terça-feira, 14 de setembro de 2010

A Loba de Ray-Ban encerra mais uma temporada

Alcateia de Ray-Ban encerra sua Temporada Carioca com chave de ouro



No dia 12 de setembro de 2010 "A Loba de Ray-Ban" encerrou sua temporada, de enorme sucesso, no Teatro Carlos Gomes.
Com uma apresentação emocionante e fascinante do começo ao fim, nossa alcateia prendeu atenção dos 680 espectadores que lotaram o teatro. Uma plateia formada pela Dona Maria, Seu João, a Chiquinha, enfim pessoas anônimas que enfrentaram a fila durante um dia inteiro, aguentando o calor e o sol forte que iluminaram a cidade do Rio de Janeiro, pelo simples desejo de assistir ao espetáculo.






Pessoas simples, em sua grande maioria, que gostam de arte e de cultura, mas que não possuem poder aquisitivo para assistir bons espetáculos e que vêem nessa campanha "Teatro a Um Real", da Prefeitura do Rio de Janeiro, a oportunidade de ter um lazer diferente e cultural. Sendo assim, a plateia era formada por pessoas de diferentes pensamentos, das mais diversas regiões da cidade mas todas com a mesma ansiedade, curiosidade e expectativa.





Quando cada ator subiu no palco, ali se transformou em um monstro e todos juntos fizeram com que a apresentação se tornasse única, uma das mais intensas e cativantes de toda a temporada. A emoção dos atores esteve o tempo todo a flor da pele, e foi sentida desde a plateia até o balcão. Com o fim do espetáculo, os atores foram ovacionados pelas palmas, carinho e entusiasmo da plateia. E para encerrar a temporada com chave de ouro, todos os presentes foram surpreendidos por um lindo depoimento de agradecimento da grande loba dessa nossa alcatéia, Christiane Torloni.

Depoimento de Christiane: "O nosso muito, muito, muito obrigada a cada um de vocês que fizeram dessa temporada, a temporada mais linda da Loba; À você meu amor, Possi, que hoje você está aqui e à esse teatro abençoado."



E assim nossa maravilhosa alcateia encantou, conquistou e marcou as plateias de mais uma cidade, e que assim continue fazendo por onde passar! HAAAUUUUUUUUUUU**

sábado, 11 de setembro de 2010

Chega ao fim a Temporada Carioca

A Loba de Ray-Ban se despede dos palcos cariocas



Depois de 8 semanas de enorme sucesso na cidade do Rio de Janeiro, chega a hora da loba dar adeus!
Com uma tragetória de apresentaçãoes impecáveis, e a conquista de plateias de diversos lugares do país, a temporada carioca não poderia de deixar de ser diferente, podemos dizer que foi um sucesso do começo ao fim: sucesso de apresentações, sucesso de público, enfim SUCESSO!
Mas você que ainda não assistiu não pode perder sua última oportunidade! Chame a família, os amigos e CORRAM para o Teatro Carlos Gomes, que está localizado na Praça Tiradentes, no centro da cidade!
Hoje o espetáculo começa as 20h e promete emoções do princípio ao fim!

Christiane Torloni, Leonardo Franco, Maria Maya, Renata Novaes e Renato Dobal...Enfim TODA NOSSA ALCATEIA ESTÁ ESPERANDO POR VOCÊ...

Christiane Torloni retoma a peça da qual participo há mais de 20 anos, agora com texto original "A Loba de Ray-Ban"

Uma bem-vinda coleção de ‘sustos estéticos’
Artur Xexéo



Renato Borghi é um colecionador de “sustos estéticos”. Não foi por acaso, portanto, que, na montagem de “O lobo de Ray-Ban”, em 1987, ele imaginou Christiane Torloni entrando em cena, sentada num balanço gigantesco, que rompia uma parede de papel e se lançava sobre a plateia. Era uma maneira de recordar o primeiro dos “sustos estéticos” que o teatro lhe proporcionou. A cena era uma citação à última aparição de Cacilda Becker em “Seis personagens à procura de um autor”, montada pelo TBC, em 1959, com direção de Adolfo Celi.

Com
“A loba de Ray-Ban”, Borghi proporciona ao diretor José Possi Neto a oportunidade de provocar outros tantos “sustos estéticos” na plateia. O acerto começa com a cenografia de Jean-Pierre Tortil. Quando o espectador entrava no Teatro Frei Caneca, onde a peça estreou em São Paulo, no começo do ano, já sabia que não assistiria a um espetáculo qualquer. O texto de “A loba...” é tão bom e tão contundente que, mesmo com uma montagem intimista, chegaria incólume ao públcio. Afinal, tudo se passa num palco e nos bastidores de um teatro. A cena de um palco nu seria suficiente. Mas ali estão uma teia de cordas, onde será realizada a impactante cena de um estupro; uma cortina vermelha, que em certo momento servirá como figurino; um camarim onde, delicadamente, Christiane Torloni deixou uma foto de Raul Cortez; uma ponte suspensa, onde é encenado um trecho de “Esperando Godot”; e muitas outras surpresas.

Encarar
“A loba de Ray-Ban” como uma peça gay é precipitação. “A loba...” trata da força da sexualidade — ou das sexualidades — nas relações afetivas. Há sustos estéticos também neste quesito, como a primeira cena de Leonardo Franco, em que ele aparece nu, ou a troca de carícias entre Christiane e Maria Maya. Mas assistir à peça com este único olhar é supericial. “A loba...” é, principalmente, uma sincera e comovente homenagem ao teatro brasileiro, uma celebração das mulheres, das atrizes que ajudaram a construir a História desse teatro.

É impossível, em algumas cenas, olhar para Christiane e não se lembrar de Bibi Ferreira em “Gota d’água”. Também não por acaso, a peça que a personagem de Christiane interpreta durante a ação da peça é “Medeia”, mesmo personagem que Bibi interpretou na adaptação de Paulo Pontes, Vianinha e Chico Buarque para a tragédia de Eurípedes.

O elenco é irrepreensível ao responder com brilho às intenções de autor e diretor.
Maria Maya, a mais jovem da trupe, contracena de igual para igual com os colegas mais experientes. Leonardo Franco encara um personagem difícil com a segurança de quem acabou de sair de um trabalho (“Traição”) que lhe rendeu uma indicação ao Prêmio Shell. Mas a noite é de Christiane Torloni. Engraçada, irônica, dramática, trágica, delicada, sensível, ela não sai de cena durante todo o espetáculo. Madura, com um trabalho de expressão corporal de arrepiar e linda, Christiane Torloni
, sozinha, já é um agradável “susto estético”.

Fonte: Guia Rio Show


quinta-feira, 9 de setembro de 2010

O Elenco de "A Loba de Ray-Ban" chega a cidade de Porto Alegre..

Christiane Torloni, a Loba sem Matilha.


O lobo é o maior representante selvagem da família canidae; é um sobrevivente da Era Glacial, de cerca de 300 mil anos atrás, e sua imagem é muitas vezes ligada à ideia de perigo e solidão. O espetáculo A loba de Ray-Ban, dirigido José Possi Neto, traz os atores Christiane Torloni, Leonardo Franco e Maria Maya ao Teatro Bourbon Country (Túlio de Rose, 80) na versão feminina de O lobo de Ray-Ban, originalmente encenado em 1987 e que trazia Raul Cortez no lugar do lobo e a própria Christiane e Franco no palco. A apresentação acontece no sábado, às 21h, e domingo, às 19h. Os ingressos estão esgotados.




A peça, que entre as duas montagens já teve mais de 25 mil espectadores, gira em torno de um triângulo amoroso entre os três personagens. Na obra, o teatro também se transforma em personagem importante à trama, já que a história é contada por Julia (interpretada por Christiane Torloni), uma atriz que interrompe a apresentação teatral e assume o clímax de sua crise existencial, envolvendo seu ex-marido, vivido por Leonardo Franco, e a amante, Maria Maya, frente à toda a plateia. Os três são da mesma companhia teatral e, através de flashbacks, a história vai sendo contada aos espectadores.

O processo de construção da personagem de Torloni foi duro, segundo conta a atriz. “Como um bom lobo, ele só vai se dar bem com outros lobos. Apesar de ser uma criatura solitária, o lobo também anda acompanhado. O que acontece na peça é que existe um processo de exclusão: quem é lobo vai ficar e quem não é vai ter que ir embora. Sobre a diferença do masculino para o feminino, ela diz: “As mulheres têm uma maneira hemorrágica de vivenciarem as emoções. Por mais que a peça essencialmente seja a mesma, no momento em que temos uma loba uivando ela vai uivar muito diferente do homem”.

Renato Borghi assina as versões masculina e feminina da peça. Dina Sfat, que acompanhava as leituras do espetáculo, em 1987, pediu para que Borghi escrevesse uma opção em que a personagem principal fosse uma loba. Oito meses depois, quando a escrita ficou pronta para ganhar vida nos palcos, Dina estava doente e não pôde encenar a loba. Dada a situação, o diretor mostrou o texto a Raul Cortez, que “o agarrou imediatamente - como um lobo, conta José Possi Neto.

As mudanças que tiveram que ser realizadas nos dois textos são diversas. Para passar de um lobo, como era na primeira montagem, para uma loba, desta produção, foi necessário mais do que “trocar o ‘o’ pelo ‘a’”, conta Christiane. Na primeira montagem, Raul usava como referência cênica a peça Ricardo III, de Shakespeare; na montagem da loba é utilizada Medeia, de Eurípides. Possi utilizou, em o lobo, Eduardo II, também de Shakespeare, e, na loba, a referência do diretor pairou sobre a obra As criadas, de Jean Genet.

Christiane conta que Cortez também sofreu para a imersão no personagem:
“Eu vi o processo de criação do Raul e vi como foi duro para ele. É muito difícil ser abandonado todas as noites. É um processo de construção não só da solidão, mas de se relacionar com sentimentos ligados à autoestima, e como você se liberta, sobrevive e se reafirma”.
E sobre ele, a atriz diz que, apesar de não estar fisicamente presente em cena, ele está o tempo todo ali:
“O Guimarães Rosa fala que, quando uma pessoa morre, ela não desaparece: ela fica encantada. Este espetáculo é uma grande homenagem. Quando as pessoas estão entrando no teatro, elas começam a ouvir vozes da Bibi Ferreira, do Paulo Autran, do Raul, da Cacilda Becker. O espetáculo se passa em um teatro depois de um espetáculo. Todos os ‘fantasmas’ do teatro estão ali”.


Ela ainda adverte sobre a intensidade do espetáculo:
“Não é diet. É um espetáculo para quem gosta de emoções fortes. Fala do abandono, dos encontros, do amor, mas tudo é dito sem poupar ninguém, porque a intenção não é esta. Não poupa os atores, nem o espectador”, resume.

Fonte : UOL

Entrevista com Christiane Torloni: A Loba devora mitos

Em pele de Loba.


Temas são abordados no espetáculo "A Loba de Ray-Ban", que a atriz encena em Porto Alegre.

Passaram-se 23 anos desde que Christiane Torloni veio a Porto Alegre com a mesma montagem que agora a traz de volta à Capital. Em A Loba de Ray-Ban, em cartaz nos próximos dias 17 e 18 de julho, no Teatro do Bourbon Country, ela interpreta a loba da história, é o centro do triângulo amoroso formado ainda pelos atores Leonardo Franco e Maria Maya. Em 1987, Torloni dava vida à mulher de Raul Cortez, o protagonista de O Lobo de Ray-Ban. Agora, personagens e gêneros se invertem. O grande assunto da peça é o relacionamento amoroso, o papel da traição, da paixão e do ciúme. Por isso essa peça nunca fica datada, explica o diretor José Possi Neto, que também dirigiu a montagem anterior. O papel não poderia ter encontrado Christiane Torloni em melhor hora. Aos 53 anos, ela sente-se à vontade para questionar todos os temas do espetáculo. A peça trata de liberdade sexual, avisa.




Donna – Há 23 anos, você participou da montagem O Lobo de Ray-Ban. A diferença é que interpretava a mulher de Raul Cortez, o lobo da história. Que paralelo você traça entre as duas montagens?

Christiane Torloni – É muito interessante a linha do tempo desse espetáculo, porque dá a impressão de que nunca foi interrompido. A Júlia, personagem que fiz 23 anos atrás, a mulher do lobo, que vivia com ele todo um questionamento sobre sua sexualidade, agora é o alvo dessa questão. Nesta peça, não importa se o personagem principal é o homem ou a mulher, porque os lobos são livres, independente do sexo. São solitários, mas são livres. E essa liberdade não incomoda o lobo, mas o outro. É uma ameaça para o outro. Esse é o grande questionamento, tanto do lobo quanto da loba.

Donna – Quando você começou a ensaiar a peça, e também logo na estreia, sentia muito forte a presença de Raul Cortez, era como “se ouvisse a voz dele”. Ainda é assim?

Christiane – (Risos) Vocês acham que isso é uma coisa paranormal, mas não é. Ela significa amor, e o amor é maior do que a morte. As pessoas não morrem, ficam encantadas, já dizia Guimarães Rosa. O Raul está com a gente o tempo todo.

Donna – Na montagem de 1987, havia a relação homossexual de dois homens e uma mulher. Agora, o triângulo se inverte: são duas mulheres e um homem. Essa montagem atual teria sido possível naquela época, ou seja: hoje a sociedade está mais condescendente para assistir ao relacionamento entre duas mulheres?

Christiane – Eu acho que é o inverso, né? Há 23 anos, fazer a montagem que o Raul fez foi algo muito inquietante. Na nossa sociedade, dois homens juntos é muito inquietante. Duas mulheres juntas, não. É só ver esses canais de assinatura para adultos e a quantidade de programas propondo um ménage à trois entre duas mulheres e um homem.

Donna – Mas você mesma interpretou um personagem na novela Torre de Babel, em 1998, que vivia uma relação homossexual com a personagem da atriz Silvia Pfeiffer e foi tamanha a rejeição do público que o autor Silvio de Abreu teve que matá-las em um incêndio.

Christiane – (Pensa) A sociedade é de uma caretice... E é tão patriarcal! Tem várias culturas que permitem ao homem ter mais do que uma esposa, ter duas, três. Eu não conheço nenhuma cultura no mundo que permita à mulher ter mais do que um marido. Você vê homens dizendo: “Ah, se eu pudesse teria duas mulheres”. Mas você não vê mulheres dizendo “ah, se pudesse eu teria dois, três homens”. Até porque elas mal aguentam um só.



Donna – Aquele relacionamento entre a sua personagem e a da atriz Silvia Pfeiffer seria aceito hoje?

Christiane – A sociedade continua tão careta quanto naquela época, mas está mais condescendente. Aliás, como a sociedade é hipócrita, né? (risos). Todo mundo tem um amigo gay, uma amiga sapata, mas, se for seu filho ou sua filha, todo mundo grita. Conheço pessoas esclarecidíssimas que, quando descobriram que o filho ou a filha era gay, o mundo veio abaixo.

Donna – Você fala sobre homossexualidade com muita naturalidade e se mostra bem à vontade em papéis homossexuais. Você diria que se deve à sua educação? Em casa, quando menina, esse tema não era tabu?

Christiane – São todas essas coisas juntas. É uma combinação de fatores. E mais: a minha agenda está repleta de amigos gays, homens e mulheres. São amizades de mais de 30 anos. Então, se eu resolver fazer qualquer espécie de patrulha ideológica na minha carreira, é melhor fechar a banca, você não acha?


"Aos 50 anos, dificilmente alguém está discutindo se vai ou não sair do armário. Quanto às mulheres, isso é improvável. Os homens já são mais atrasadinhos..."


Donna – Qual você diria que é a grande reflexão que a peça promove?

Christiane – É muito bonito essa questão da sexualidade vir à tona na idade do lobo, ou na idade da loba, aos 50 anos. Porque ninguém mais é adolescente, ninguém mais está naquela fase de testes, se gosta disso, se prefere aquilo, se são as duas coisas... Aos 50 anos, dificilmente alguém está discutindo se vai ou não sair do armário. Quanto às mulheres, isso é improvável. Os homens já são mais atrasadinhos...

Donna – Quais são as principais semelhanças e diferenças entre você e a Loba de Ray Ban?

Christiane – Não existe isso. Somos todos humanos. O que existe em comum é o questionamento humano. Independente do que a Júlia tem a ver comigo, ela tem a essência humana. Essa é a grande aventura de ser atriz: não é o que o personagem tem em comum com você, mas aquilo que ele vai agregar à sua vida.

Donna – A peça não trata apenas de homossexualismo, esse é apenas um dos enfoques. como bem insiste o diretor José Possi Neto. A peça também fala de traição, paixão e ciúme. Gostaria que você se definisse como mulher nesses três temas.

Christiane – Eu ainda pertenço ao gênero feminino e ainda pertenço à raça humana (risos). Portanto, enquanto eu estiver nesse plano, estarei negociando com todos os sentimentos, primitivos ou não, que fazem parte do código genético da gente. Quando eu me iluminar, quem sabe isso mude. É por isso que existe o tempo, é por isso que ele passa: para que a gente vá negociando com nossos impulsos internos e vá aprendendo onde a gente está sendo ridícula, onde está perdendo tempo, onde o problema não é o outro, mas a gente.

Donna – Você vive um casamento feliz há 15 anos, mas não se trata de um casamento convencional, já que você e seu marido, Ignácio Coqueiro (diretor), vivem em casas separadas. Você diria que essa é uma das principais características do sucesso da relação?

Christiane – Esse é um casamento peculiar, é? Eu conheço outros casamentos tão mais peculiares do que o meu... (risos). São acordos sociais, só isso. Simone de Beauvoir e Jean-Paul Sartre viveram assim durante 50 anos. A gente está apenas engatinhando, 15 anos não é nada!

Donna – Como é se apaixonar depois de uma separação?

Christiane – Vinicius de Moraes responderia bem a essa questão. Como é que um outro amor pode acontecer se você não deixar o antigo ir embora? Tem gente que reclama: “Ah, não consigo me apaixonar de novo, não consigo recomeçar a minha vida...” Mas é claro! Se não se desapega daquilo que foi, se fica segurando aquele morto para o resto da vida, fica cultivando um cadáver dentro de casa! Aí não tem jeito mesmo. Vai ficar ali, de viúva, o resto da vida.

Donna – Você tem 53 anos e, sempre que aparece na tevê, as mulheres querem saber o que faz para se manter tão bem. Conte.

Christiane – São várias coisas. Eu acho que a gente tem que se ajudar constantemente, em todos os aspectos. Quando uma pessoa diz para mim que ela não consegue fazer uma atividade física, sendo saudável e tendo todas as condições para realizá-la, eu viro as costas e vou embora, porque o nome disso é preguiça. Tem gente que não tem duas pernas ou dois braços e é atleta, basta ver as Paraolimpíadas. Ali está a prova do poder de superação em todos os sentidos. Daí você olha para isso e não consegue levantar de manhã para fazer uma aula?! Por quê? Nosso corpo foi feito para estar em movimento, e é em movimento que ele deve estar até o final da vida, cada um na sua medida.

Donna – Quais são seus movimentos?

Christiane – Eu caminho, ando de bicicleta, faço yoga... Coisas que me dão prazer. Atividade física tem que estar intimamente ligada ao lúdico, ao prazer que você tinha na infância ao se exercitar com alguma prática, que não se chamava nem ginástica, nem esporte. Quando a gente é criança, a gente brinca de correr, de jogar bola, de andar de bicicleta, de ficar em posturas engraçadas... Se você olhar, as crianças fazem tudo isso. E é isso o que eu faço hoje, com a minha idade e com as minhas limitações.

Donna – Sua mãe (a atriz Monah Delacy) diz que você se alimenta mal. Você concorda?

Christiane – (Risos) Eu adoro comer, mas há alguns anos cortei a carne vermelha e a de frango. Minha mãe, como filha de gaúchos, acha isso uma afronta. Minha avó era de Santa Maria, e meu avô, de Cruz Alta. Portanto, para ela é uma ofensa ao genoma familiar.

Donna – Qual seu estágio de vaidade?

Christiane – Eu não sou uma vítima da vaidade e da beleza, não. Pelo contrário: eu sou muito vaidosa com meu trabalho, porque não é um trabalho particular. Ele coloca você em uma exposição pessoal muito grande. Portanto, qualquer roupa mal cortada, maquiagem malfeita, jamais passa despercebida e pesa contra você. Nesse sentido, sou muito chata. Me preocupo com os figurinos, com a minha imagem. Mas é sempre uma vaidade relacionada ao meu ofício de atriz.




"A vida tem que ser vivida sem anestesia. A gente vive com algumas angústias, claro. Mas angústia e inquietação não são doenças. Remédio para viver a vida? O homem criou essa sociedade, ele tem que estar preparado para ela."



Donna – Você andou se queixando que o povo está tomando Rivrotril como se fosse floral, que as pessoas estão se anestesiando porque ninguém mais quer se emocionar.

Christiane – (Interrompendo) E anda mesmo, é impressionante! A vida tem que ser vivida sem anestesia. Anestesia tem hora, local e prescrição específica. A gente vive com algumas angústias, claro. Mas angústia e inquietação não são doenças. A inquietação fez o homem chegar à Lua. Se o homem tivesse tomado Rivotril nas cavernas, estaria colhendo até hoje. Caçar pra quê? Eu acho que a gente tem que tomar muito cuidado com essa predisposição social em que todo mundo é meio cool, parece anestesiado. A gente tem que entender que esses níveis de sentimento fazem parte da condição humana, que são normais. Eu concordo com a medicina quando ela evita que uma pessoa faça algum mal a si própria. Mas remédio para viver a vida? O homem criou essa sociedade, ele tem que estar preparado para ela. Agora vai começar a se dopar para não enfrentar o mundo que ele próprio criou? Que loucura é essa?

Donna – Você toca em um assunto que fez da escritora Lya Luft uma best-seller. Em Perdas e Danos, ela escreve: Permitam-me o luto no período sensato. Me ajudem não interferindo demais. O telefonema, a flor, a visita, o abraço, sim, mas por favor, não me peçam alegria sempre e sem trégua.”

Christiane – (Interrompendo) Claro! A vida é isso: perder e ganhar, nascer e enterrar. À medida que a gente perde a capacidade de viver esse sentimento, a gente está em processo de autodestruição. A Loba de Ray Ban é um espetáculo de uma passionalidade incrível, não tem nada de light, porque a vida não é light. O espectador tem que ir preparado para o tête-à-tête da vida. Como é que você pode ter essa aproximação com a vida se você está o tempo todo anestesiado?

Donna – A peça deixa alguma lição nesse sentido?

Christiane – Sim. O final da peça é um grande questionamento sobre o que é a vida. E o Renato Borghi (autor) traz lindamente à cena o Calderón de La Barca (Pedro Calderón de La Barca, dramaturgo e poeta espanhol, autor do poema A Vida É Sonho). Ele diz que a a vida é sonho e, então, que sonhemos todos. Quem consegue sonhar anestesiado? O sonho ajuda a gente a ir para frente, ajuda a entender a nossa alma. E o teatro é isso, e por isso ele muda a vida das pessoas.

Fonte : Donna*

O Elenco de "A Loba de Ray-Ban" chega a cidade de Paulínia.

Chega a Paulínia nos dias 18 e 19 de Junho a peça A Loba de Ray–Ban, versão feminina do grande sucesso de Renato Borghi, originalmente encenado em 1987, “O Lobo de Ray-Ban” que trazia Raul Cortez e a própria Torloni no elenco, além do ator Leonardo Franco na temporada carioca.




Fonte : Guia do Teatro
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