A Loba de Ray-Ban

  • História:

O espetáculo narra a história de um triângulo amoroso que vive situações convencionais e de bissexualidade. Os personagens envolvidos são atores, fazem do teatro sua profissão e seu sacerdócio. São seres apaixonados e apaixonantes, são capazes de assumir a persona de verdadeiros monstros sagrados e resvalar o mais baixo do melodrama humano. São objeto de curiosidade de todo tipo de voyerismo, portanto irresistíveis.
Numa noite, um espetáculo de teatro é interrompido pela atriz principal, que assume o clímax de sua crise existencial e afetiva diante do público. Escândalo. Revela-se o triângulo amoroso vivido por ela, envolvendo o ex-marido e sua atual amante, ambos atores da sua Companhia Teatral. Vamos assistir a uma brilhante discussão sobre moral e relacionamento amoroso. Vamos participar do cotidiano dos camarins e coxias de um teatro. Vamos testemunhar um desafio de interpretação, vividos por Christiane Torloni como Julia Ferraz, a atriz-empresária, e por Leonardo Franco e Maria Maya, o ex-marido e a amante.



  • Depoimentos:


COM A PALAVRA O DIRETOR

O TEATRO aconteceu em mim no final dos anos 60 enquanto eu cursava a Escola de Comunicações e Artes da USP.
O TEATRO se materializou em mim em Salvador, Bahia, no início da década de 70.
Nesses 36 anos de ofício como Diretor de Teatro jamais remontei um espetáculo, nem o que estou fazendo agora, REVISITO a casa do LOBO, o TEATRO.
Me tranco numa sala de ensaios e com a minha tribo, revisito as tramas da PAIXÃO, reencontro meu centro, e o sentido de tudo.
Sempre soube que o que mais me atraiu no teatro, na arte, foi a possibilidade de conviver com essa gente especial, intrigante, misteriosa e provocante.
Escolhi VIVER entre artistas.
Em "A LOBA de Ray-Ban" Renato Borghi expõe à luz o incêndio passional que é a vida do artista de teatro. Investiga a matéria da qual é feito esse SENTIMENTO.
Ele não nos poupa dores nem ardores, rasga a pele dos seus personagens e os faz sangrar amores e ódios numa longa noite iluminada pelo brilho e talento de três atores que vão emprestar corpo e alma para que a cerimônia se dê, aconteça.
Sou viciado, adicted, do exercício dessa paixão. Amo desenhar-lhes os gestos, guiar-lhes os passos, vestir seu corpo e sua voz nos tons que a emoção requer.
Gosto de iluminar sua pele, de entrecortar com música sua respiração e de vestir seu universo, seu espaço, com as dimensões exatas da sua imaginação.
Brinco com a "caixa mágica", a "geringonça", a "caixa de ilusão", a que chamamos PALCO e usamos para vender VERDADES.
Lá encontro meus sonhos, minhas liberdades. Lá invisto meus ideais, minha libido.
Lá encontro minha tribo, essa matilha composta de seres noturnos e notívagos que brinca com o mistério e o risco de se revelar.
São lobos, fascinantes, perigosos, irresistíveis.
Oh! Deuses! Que privilégio o meu, há mais de trinta anos privando da companhia de Paulo, Juca, Irene, Marília, Fernanda, Beatriz, Marilena, Ruth, Regina, Regina, Jussara, Selma, Odilon, Cecil, Arlete, Petrônio, Mila, Norival, Renato, Wagner, Wladimir, Renato, Renato, Nathalia,  Marisa, Marieta, Glória, Tarcisio, Murilo, Ester, Mazé, Denito, Thales, Vicente, Victor, Ivaldo, Michele, Tânia, Cristina, Karin, Flávio, Dulce, Lia, Ana Lúcia, Sônia, Carmem, Nilda, Lucas, Fafa, Rita, Aicha, Carlos, Caco, Luís, Adriana, Miriam, Marcelo, Thiago, Paulo, Celso, Walderez, Jandira, Maria Fernanda,  Léo, Helena, Elias, Léo, Eucir, Cláudio, Romis, Murilo, Sandra, Cláudia, Alice, Cláudio, Charles, Eduardo....... Ana Paula, Dobal, minha nova lobinha Maria Maya, Leonardo Franco, lobo revelado há 20 anos e sonhador da loba que se realiza hoje, RAUL CORTEZ nosso Lobo Maior, amigo e companheiro de tantas realizações, responsável pelo encontro mais importante da minha vida de artista, com minha irmã, companheira de tantos sonhos realizados e por vir a LOBA CHRISTIANE TORLONI.
JOSÉ POSSI NETO




COM A PALAVRA O AUTOR

Quando escrevi O Lobo de Ray-Ban, mostrei o texto para várias pessoas para ouvir suas opiniões, uma delas foi Dina Sfat, uma amiga querida, atriz maravilhosa, com quem trabalhei no "Rei da Vela." Até hoje me lembro dela vestida de terno branco, com o rosto igualmente branco, e imensos olhos desbruados de negro. Ao ler o texto para. Dina ela me surpreendeu que adoraria encenar o espetáculo se fosse ela A Loba.
Aceitei o desafio de reescrever o texto, mas foi muito mais difícil, não era uma mudança simples. Trechos inteiros tinham que ser substituídos. Ricardo III se transformou em Medeia, Eduardo II nas Criadas. Fui buscar novas imagens, as imagens das gloriosas mulheres do teatro brasileiro: Cacilda Becker, Maria Della Costa, Tônia Carrero, Bibi Ferreira... um verdadeiro matriarcado! Demorei oito meses nesse processo, e quando terminei A Loba, que chamei de Brilho Oculto, Dina já estava doente e não podia realizá-lo.
Um dia, mostrei o texto original para Raul Cortez que o agarrou imediatamente - como um Lobo. Com Raul, Possi e Christiane o espetáculo foi um enorme sucesso. Tempos depois Leonardo Franco, que fizera Fernando nas viagens do Lobo, me procurou pensando em encenar a versão feminina. Concordei com uma única condição, a de que a protagonista fosse uma grande estrela. Passados tantos anos, está aí agora Christiane Torloni, com sua garra e carisma, uma lutadora, que tanto me lembra Dina.
Neste espetáculo, que é o teatro dentro do teatro, é maravilhoso ver esse grupo todo reunido novamente: Leonardo, Christiane, Possi e Dobal. Maria é um novo dado, como Fernanda foi para Paulo e Júlia.
É uma experiência inesquecível para um autor, e, tenho a certeza de que também será para os espectadores.
RENATO BORGHI




COM A PALAVRA A LOBA

Não conheço muitas histórias (ou talvez nenhuma...) de um ator que tenha tido a oportunidade de vivenciar a experiencia pela qual estou passando: vinte e dois anos marcam a estreia do "Lobo de Ray-Ban".
Meu indelével encontro com Raul e o defenitivo com o Possi (agora, José, meu irmão e maestro).
Para expressar e sintetizar o que eu sinto, faços minhas as sábias palavras do Borghi: "Nosso tempo foi rico, me fiz atriz, cresci, aprendi, amei, sofri..."
Enfim, me tornei - eu também - LOBA.
CHRISTIANE TORLONI



COM A PALAVRA O LOBO

Passei os últimos 20 anos sonhando; em construir um teatro, em ter uma filha parecida comigo e em montar a LOBA DE RAY-BAN, versão feminina de LOBO DE RAY-BAN, na qual atuei ao lado do grande Raul Cortez, no final dos anos 80. Pois muito bem, o Centro Cultural Solar de Botafogo está erguido e me enche de orgulho, Valentina é minha cara e veio iluminar de paixão a minha vida e o texto de Borghi chega à cena no momento mais precioso da minha carreira. Em 2007 recebi o Prêmio SHELL, na Categoria Especial, em homenagem a construção do Solar e em 2008, indicações ao SHELL e APTR, na Categoria Melhor Ator, pela atuação em TRAIÇÃO de Harold Pinter, produção do Solar em parceria com o Diretor Ary Coslov.
Para trilhar este caminho precisei de coragem. E foi isto que aprendo com Raul Cortez - ter coragem. Por suas mãos fui apresentadoao teatro de verdade, e tive ainda o prazer de estar ao seu lado em REI LEAR com direção de Ron Daniels.
Mas não pensem que LOBA DE RAY-BAN é um revival. Longe disto. somos pessoas diferentes, eu, Christiane, Possi e Renato. A peça é outra, a emoção é ainda mais profunda. E há também a chegada de Maria Maya, com seu talento e juventude inquietantes. Na verdade, para mim, esse texto é a única oportunidade (talvez a única na carreira de um ator) de viver cada um dos personagens de um mesmo enredo. Em o LOBO, com 25 anos de idade, fiz o jovem ator, agora com 45 faço a versão masculina do papel que era de Christiane na primeira montagem. Daqui 10 anos tenho um compromisso com Borghi - voltar ao papel que Raul imortalizou. Um desafio, com certeza, mas dos melhores a ser perseguido.
Gostaria de falar da imensa satisfação de poder caminhar ao lado de Christiane Torloni. Forte, talentosa, corajosa, vibrante, é uma das poucas mulheres brasileiras, que atua com desenvoltura em qualquer esfera da vida nacional. Dentre várias paixões comuns, descobrimos essa necessidade soberana de mostar A LOBA e temos a sorte de ter ao nosso lado um artista iluminado, o mais que querido José Possi Neto.
LEONARDO FRANCO


COM A PALAVRA A LOBINHA

O que me encanta no teatro é a possibilidade de escolher e depois, dessapegar.
É conseguir enxergar claramente que à medida que o tempo passa, e nós mudamos, o mundo se modifica, os objetivos se modificam e este ponto de vista naturalmente é alterado. Ela que já foi ele, Ele que já foi ela, Ele que quer Outro e eu que estou chegando agora.
Tudos com  a mesma rubrica, com o mesmo direitor, ou seria o diretor-rubrica? Aquele que literalmente não se copia, se reinventa. Somos personagens. Somos atores. Somos atores-personagens tentando realizar uma espécie de alquimia em cena. Aquela em que a realidade da representação é mais vibrante que o próprio tempo cronológico. Me sinto assim. Brincando em um playground de gente adulta. De lobos perigosos e instigantes.
Agradeço a Chris, o Possi, o Léo, ao Borghi, ao Raul, a Elza, a Célia, Cacilda, Susana, ao Godot, ao Zé, ao Fábio, ao Dobal, a Tunica, ao Tripolli, a Denise, a Aline, Ana, a Ana Paula, a Paula, a Solange, a Criada, ao Genet, ao Jean Pierre, a Conceição, todos desta alcateia de Ray-Ban. E fico achando mesmo que o bom destes encontros é a possibilidade que eles têm de se transformar num GRANDE encontro ou de proporcionar uma GRANDE transformação.
Obrigada por essa oportunidade!
MARIA MAYA
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