Na pele da Loba
Ao se remontar a peça "O Lobo de Ray-Ban", apresentada há 20 anos com Raul Cortez (1932-2006) no papel principal, a atriz Christiane Torloni não teve dúvidas: ela teria que ser diferente, ousada, provocadora. A solução? O lobo do título virar uma fêmea. Com as mesmas indagações e dilemas sentimentais do original. Mas em pele de mulher.Assim, na história, o personagem original Paulo Prado se transformou na atriz e produtora teatral Júlia Ferraz. "Eu não sei se posso considerar audácia de nossa parte. Acho que isso partiu do próprio texto do Renato Borghi. Ele tinha que ser revisitado, mas, ao mesmo tempo, nos estimulava a fazer algo diferente", detalha a estrela, que comanda "A Loba de Ray-Ban", agendada para duas apresentações, neste sábado, às 21h, e domingo, às 19h, no Teatro Universitário. Atualmente, na televisão, Christiane está no elenco da novela global "Ti Ti Ti".
Em "A Loba de Ray-Ban", a protagonista Júlia enfrenta uma crise existencial, ao mesmo tempo, em que tenta driblar os contratempos de um triângulo amoroso, durante os bastidores de uma peça teatral. Ela se apaixona por uma jovem atriz (interpretada por Maria Maya). Detalhe: Júlia é casada com o personagem de Leonardo Franco.
"Por incrível que pareça, o mundo ficou muito careta. A peça não tem como questão a homossexualidade. O grande assunto aqui é o relacionamento amoroso, o papel da traição, da paixão, do ciúme. Nela se discute a honestidade das relações, seja de quaisquer gêneros", informa. Ela observa que o provável alvoroço com duas mulheres em cenas de amor prova que ainda há muito o que evoluir em matéria de aceitação. "E olhe que estamos no século XXI", alfineta.
Raul Cortez
Na trama, Júlia observa que seu mundo está ruindo. Isso se reflete também no campo sentimental. Aliás, não se pode dizer que os objetos de sua paixão (seu marido e namorada) estejam tranquilos. Os dois não são propriamente tábuas de salvação para ela. "Todos são atores, e isso é colocado também de maneira apaixonada como eles encaram o teatro. O teatro é uma grande ode ao ser humano. Humaniza os mitos. Nesse espaço, não há ninguém para ser louvado nesse altar", compara.
A peça é dedicada à memória de Raul Cortez, chamado de "O Eterno Lobo". Christiane pensa que não poderia ser de outra forma. "Desde que começamos a temporada no Rio de Janeiro, em novembro do ano passado, eu sinto cada vez mais a presença dele por perto, em cada apresentação", informa.
Inversão de papéis
Essa ligação é forte por causa da montagem de 1987. Nela, a atriz vivia a esposa de Raul. Agora, passados 23 anos, personagens e gêneros se invertem. "Nos ensaios, ao se ler o texto, eu não me esquecia da voz dele ao interpretar o personagem que hoje é meu. E, cada vez que desenvolvia a Júlia, eu não deixava de ouvi-lo, falando por mim. Enfim, é mais um motivo para a gente afirmar que a peça é dele", exalta.
Interpretar na primeira versão a personagem mais jovem e, agora, a protagonista mais velha também é motivo de orgulho. "Quero envelhecer e virar loba. É bem mais instigante. Tem gente que envelhece e vira ovelha. Isso não é para mim", brinca.
Essa ligação é forte por causa da montagem de 1987. Nela, a atriz vivia a esposa de Raul. Agora, passados 23 anos, personagens e gêneros se invertem. "Nos ensaios, ao se ler o texto, eu não me esquecia da voz dele ao interpretar o personagem que hoje é meu. E, cada vez que desenvolvia a Júlia, eu não deixava de ouvi-lo, falando por mim. Enfim, é mais um motivo para a gente afirmar que a peça é dele", exalta.
Interpretar na primeira versão a personagem mais jovem e, agora, a protagonista mais velha também é motivo de orgulho. "Quero envelhecer e virar loba. É bem mais instigante. Tem gente que envelhece e vira ovelha. Isso não é para mim", brinca.
'A Loba' tem na atriz o seu grande trunfo
Em Curitiba, durante o Festival de Teatro, em março deste ano, as sessões de "A Loba" foram concorridas no gigantesco Teatro Positivo. A acústica do local é que não ajudou. Mesmo munidos de microfones, as vozes dos atores, em certos momentos, não soavam claras. Tal contratempo não deve acontecer em Vitória. O texto de Borghi, vez ou outra, esbarra em comentários duramente machistas. Isso ganha uma incômoda amplitude, principalmente sabendo que há um amor entre duas mulheres em cena. Mas a exuberância de Christiane Torloni, totalmente entregue de corpo e alma à sua personagem Júlia, é um dos pontos fortes dessa montagem.
SERVIÇO
•Ingressos:
Inteira: R$ 70,00
Meia: R$ 35,00
OBS.: Pagam meia entrada estudantes, idosos, doadores de sangue, jornalistas e assinantes "A Gazeta"
•Data e horário:
06 de novembro - sábado: 21h
07 de novembro - domingo: 19h
•Duração:
100 minutos
•Classificação:
16 anos
•Informações:
Telefone: (27)3323-0476
PONTOS DE VENDA
•Bilheteria do Teatro
Av. Fernando Ferrari, 514 - Ufes/Campus Universitário
Goiabeiras, Vitória - ES
Telefone: (27) 3335 2953
•Ingresso.com
http://www.ingresso.com.br/br/teatro/porpeca.asp?T_IDCIDADE=00000011&Busca=1&IdEspetaculoBusca=00018895&IdCidadeCompra=00000011
TEATRO UNIVERSITÁRIO da UFES
Av. Fernando Ferrari, 514 - Ufes/Campus Universitário
Goiabeiras, Vitória - ES
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